sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Missa na Oitava do Natal, dia 30

Avisamos a todos os amigos e leitores do blog que teremos a Missa na Forma Extraordinária do Rito Romano na Igreja do Carmo, às 10h do próximo Domingo, dia 30.

Vinde, e adoremos ao Senhor!



sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

O ano litúrgico na Forma Extraordinária

Esse post é um espaço iremos desenvolver vários temas além da análise do ano litúrgico, mas, sobre o ciclo anual, postarei um texto (com modificações no conteúdo e no estilo) retirado de uma apostila do Pe. Claudiomar, liturgista da Administração Apostólica São João Maria Vianney, que reproduzo agora aqui no blog.
Para começarmos a visualizar o ano litúrgico, nada melhor que um esquema que nos mostra ele de relance:
I) Ciclo do Natal:

1 - Tempo do Advento

2 - Tempo Natalício:

2.1 - Tempo do Natal: do Natal ao dia 5 de janeiro

2.2 - Tempo da Epifania: da Epifania ao Batismo de Jesus (6 a 13/01)
 

→ TEMPUS PER ANNUM (depois da Epifania)

II) Ciclo da Páscoa:

1 - Tempo da Septuagésima

2 - Tempo Quaresmal:

2.1 - Tempo da Quaresma

2.2 - Tempo da Paixão (Semana Santa)

3 - Tempo Pascal:

3.1 - Tempo da Páscoa

3.2 - Tempo da Ascensão

3.3 - Tempo de Pentecostes: festa e oitava
 

→ TEMPUS PER ANNUM (depois de Pentecostes)

sábado, 24 de novembro de 2012

Orações da Missa para pedir chuvas

Pax et bonum!



Os noticiários divulgaram recentemente que a seca que atualmente atinge a nossa região Nordeste é a pior dos últimos 30 anos. Já são 10 milhões de pessoas afetadas, e vários municípios já declararam estado de emergência.

Nós, cristãos, podemos ajudar, seja com obras, seja com orações. E é mais especificamente para esta última que nos voltamos neste post: falaremos sobre as orações ad petendam pluviam do Rito Romano.

Neste post, pedimos humildemente aos sacerdotes que leem o blog, que celebrem o Sacrifício pedindo as chuvas, conforme recomenda o Missal. A Missa para isto não está no Missal Romano à toa. Sua eficácia não é, nunca foi e jamais será mágica, mas vem do sacrifício de Cristo; vem da promessa de Deus Pai de ouvir nossa oração feita em nome de Cristo, nosso Senhor, no Espírito Santo; vem da autoridade da Igreja, Esposa de Cristo, quando unida ao seu Senhor, em oração.

Depois da oração litúrgica, certamente recomendamos o terço com a súplica pelas chuvas e é bom que se considere a importância de relembrar ao povo a necessidade de se viver em santidade.
Os fieis leigos também podem inserir a Collecta e a Postcommunio abaixo em sua oração particular, intercedendo pelos irmãos que sofrem nestes tempos. Se seguirdes minhas leis e guardardes os meus preceitos e os praticardes, eu vos darei as chuvas nos seus tempos. (Lv 26,3)

Seguem as orações litúrgicas com traduções livres nossas.


  •  Para a Forma Ordinária 
 (Missæ et orationes ad diversa)

AD PETENDAM PLUVIAM

Collecta
Deus, in quo vívimus, movémur et sumus, plúviam nobis tríbue congruéntem, ut, præséntibus subsídiis sufficiénter adiúti, sempitérna fiduciálius appetámus.
Per Dóminum...
(Deus, em quem vivemos, nos movemos e somos, concedei-nos a chuva na medida certa, a fim de que, ajudados suficientemente pelos bens presentes, cheguemos com confiança aos bens eternos.)

 
  • Para a Forma Extraordinária

(Orationes diversæ)
AD PETENDAM PLUVIAM

Oratio
A mesma acima.

Secreta
Oblátis, quǽsumus, Dómine, placáre munéribus: et opportúnum nobis tríbue plúviæ sufficiéntis auxílium.
Per Dóminum...
(Aplacai-vos, Senhor, nós vos pedimos, pelos dons oferecidos, e concedei-nos o oportuno auxílio da chuva necessária.)

Postcommunio
Da nobis, quǽsumus, Dómine, plúviam salutárem: et áridam terræ fáciem fluéntis cæléstibus dignánter infúnde.
Per Dóminum...
(Dai-nos, Senhor, nós vos pedimos, a chuva benéfica, e derramai complacente as ondas do céu sobre a terra seca.)

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Aviso: Missa no próximo Domingo, dia 25

Pax et bonum!



Ave Maria Puríssima, sem pecado concebida!

Comunicamos aos leitores e amigos do blog que teremos a Santa Missa na Forma Extraordinária no próximo Domingo, dia 25 de Novembro.

O lugar e o horário continuam sendo os mesmos: na Igreja do Carmo, na Praça João Lisboa, às 10h da manhã.

sábado, 27 de outubro de 2012

Quas Primas - Encíclica do Papa XI sobre Cristo Rei

Salve Maria!


Hoje trazemos aos leitores e amigos do blog a encíclica Quas Primas, escrita pelo saudoso Papa Pio XI, em 11 de dezembro de 1925, na qual foi constituída a Festa de Cristo Rei, que comemoraremos amanhã, dia 28/10, na Forma Extraordinária.

***




Pio XI

Sobre Cristo Rei

(Quas Primas)


II EDIÇÃO
1950
EDITORA VOZES LTDA., Petrópolis, R. J. RIO DE JANEIRO — SÃO PAULO

IMPRIMA-SE
POR COMISSÃO ESPECIAL DO EXMO. E REVMO. SR. DOM MANUEL PEDRO DA CUNHA CINTRA, BISPO DE PETRÓPOLIS. FREI LAURO OSTERMANN O. F. M, PETRÓPOLIS, 9-11-1950.



CARTA ENCÍCLICA
aos Veneráveis Irmãos Patriarcas, Primazes, Arcebispos, Bispos e Outros Ordinários em paz e comunhão com a Sé Apostólica: sobre Cristo Rei.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Ida dos bispos brasileiros ao Concílio Vaticano II e primeira Missa num avião



[09-10 outubro 1962]

Era já noite, lá pelas 21 horas do dia 9 do corrente, quando o aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, era invadido por mais de 100 prelados da Santa Igreja, Arcebispos e Bispos, mineiros e paulistas, gaúchos e goianos, matogrossenses e paranaenses, cariocas e capixabas, Padres Conciliares do Centro e Sul do País, a fim de seguirem para Roma, chamados pelo Papa, para o Segundo Concílio Ecumênico do Vaticano.
Muitos outros Bispos, preferindo a via marítima, já aportavam em terra da Europa ou para lá se encaminhavam.

Aeronave da Panair Cortesia do Governo brasileiro para a viagem dos Padres conciliares brasileiros 

Para nós outros, mais ousados talvez, lá estava, na pista do Galeão, o possante DC-8 a jato, da Panair, prefixo PDS, gentilmente oferecido pelo Presidente da República Dr. João Goulart, em homenagem ao grande Concílio Ecumênico. Aliás, representando o Sr. Presidente, lá estava, também, no Aeroporto, o Cel. Albino da Silva, Chefe da Casa Militar da Presidência da República. E, mais que tudo, como garantia da viagem, ilustre passageiro nos acompanhava. Era o próprio Diretor da Panair do Brasil Dr. Paulo Sampaio.
De súbito, ouviu-se o alto-falante: “Senhores passageiros da Panair, com destino a Roma, escala em Recife e Lisboa, por favor, façam suas despedidas e se apresentem ao portão de embarque”.

Eram já quase 22 horas quando decolava e roncava, céus afora, o enorme pássaro de aço, a caminho da Cidade Eterna. Entoamos, então, a “Salve Regina”. Viajávamos a 10.000 metros de altura, numa velocidade de quase 1000 quilômetros a hora. Faltavam 15 minutos para meia-noite, quando aterrissamos no Aeroporto dos Guararapes, na cidade do Recife. Imensa multidão se aglomerava à nossa espera. Eram velhos conhecidos e amigos. Eram padres e seminaristas, freiras e numerosas Irmãs de Caridade. Eram, sobretudo, outros valentes colegas no Episcopado que iriam juntar-se à nossa caravana.

Após carinhosa saudação aos Bispos por parte do Chefe da Casa Civil Dr. Hugo de Faria, e do agradecimento em nosso nome feito por Dom Hélder Câmara, de novo nos acomodávamos no bojo do avião e rompemos as nuvens carregadas. Lá em cima, brilhavam as estrelas e a lua se afogava no mar.
Às 4 horas, mais ou menos (hora do Brasil), já o dia clareava para nós. Atravessando o Atlântico em tão grandes alturas, eu me lembrava de quatro séculos passados, quando os descobridores cortavam os sete mares! Que diferença, meu Deus! A Europa agora estava tão perto. Olhamos para as bandas do Oriente e nos assustamos com uma nuvem escura e medonha que subia… Figuramo-nos às cenas de Lusíadas: “Tão temerosa vinha e carregada, que pos nos corações um grande medo…”.

Felizmente, porém, o gigante a jato se atirou sereno, roncando forte, sem receios… e o novo Adamastor se perdeu distante no caminho. Pela janela da aeronave entrava de cheio a luz solar, acordando irreverente Suas Excelências, que dormiam a sono solto.

Dom José de Medeiros Delgado, então Arcebispo do Maranhão Rezou, por indulto de João XXIII, a primeira missa num avião 


Foi, então, que soou a voz de Dom Hélder Câmara: “Vamos ter a Santa Missa a bordo do avião. É uma concessão especial do Santo Padre. É a primeira vez que se celebra em tão grande altura”.
De fato, pouco tempo depois, o Arcebispo do Maranhão Dom José Delgado iniciava o Santo Sacrifício da Missa, acompanhado pelos 120 Bispos brasileiros.

Viajávamos a 11.500 metros sobre o Oceano. Era emociante ver aqueles Prelados todos se acotovelando no bojo do avião, para participarem, todos, da Sagrada Eucaristia. Ao dar a Ação de Graças, lembramo-nos de Frei Henrique de Coimbra quando, séculos passados, após longos meses no dorso do Oceano, ia esbarrar no ilhéu da Coroa Vermelha, para a Primeira Missa no Brasil. Graças, meu Deus! Aqui estão os mais de 100 Bispos trazendo a Portugal, numa mensagem de Fé, a mais bela resposta de uma nação cristã, conquistada à sombra da Cruz.

Às 10h30 (hora da Europa), descíamos em Lisboa, debaixo de uma chuva persistente. Demora curta, para tomarmos logo o destino de Roma. Mais três horas de viagem e furamos a massa de nuvens para aterrizar no Aeroporto “Fiumicino” da Cidade Eterna.

Para onde iremos? A multidão de Bispos da Terra da Virgem de Aparecida tinha uma casa de portas abertas, melhor que o mais fino Hotel de Roma, com um apartamento para cada Bispo, e tudo gratuito é tudo carinhosamente preparado. É um belo edifício, pertinho do Pio Brasileiro. É a “Domus Mariae”. É a Casa de Nossa Senhora, nossa Mãe e Padroeira.
+ Belquior Joaquim da Silva Neto, C.M
Bispo titular de Cremma e Coadjutor de Luz

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Homilia do Papa Bento XVI na abertura do Ano da Fé



HOMILIA
Santa Missa de abertura do Ano da Fé
Praça São Pedro - Vaticano
Quinta-feira, 11 de outubro de 2012



Venerados Irmãos,
Queridos irmãos e irmãs!

Hoje, com grande alegria, 50 anos depois da abertura do Concílio Vaticano II, damos início ao Ano da fé. Tenho o prazer de saudar a todos vós, especialmente Sua Santidade Bartolomeu I, Patriarca de Constantinopla, e Sua Graça Rowan Williams, Arcebispo de Cantuária. Saúdo também, de modo especial, os Patriarcas e Arcebispos Maiores das Igrejas Orientais católicas, e os Presidentes das Conferências Episcopais. Para fazer memória do Concílio, que alguns dos aqui presentes – a quem saúdo com afeto especial - tivemos a graça de viver em primeira pessoa, esta celebração foi enriquecida com alguns sinais específicos: a procissão inicial, que quis recordar a memorável procissão dos Padres conciliares, quando entraram solenemente nesta Basílica; a entronização do Evangeliário, cópia daquele que foi utilizado durante o Concílio; e a entrega das sete mensagens finais do Concílio e do Catecismo da Igreja Católica, que realizarei no termo desta celebração, antes da Bênção Final. Estes sinais não nos fazem apenas recordar, mas também nos oferecem a possibilidade de ir além da comemoração. Eles nos convidam a entrar mais profundamente no movimento espiritual que caracterizou o Vaticano II, para que se possa assumi-lo e levá-lo adiante no seu verdadeiro sentido. E este sentido foi e ainda é a fé em Cristo, a fé apostólica, animada pelo impulso interior que leva a comunicar Cristo a cada homem e a todos os homens, no peregrinar da Igreja nos caminhos da história.

O Ano da fé que estamos inaugurando hoje está ligado coerentemente com todo o caminho da Igreja ao longo dos últimos 50 anos: desde o Concílio, passando pelo Magistério do Servo de Deus Paulo VI, que proclamou um "Ano da Fé", em 1967, até chegar ao o Grande Jubileu do ano 2000, com o qual o Bem-Aventurado João Paulo II propôs novamente a toda a humanidade Jesus Cristo como único Salvador, ontem, hoje e sempre. Entre estes dois Pontífices, Paulo VI e João Paulo II, houve uma profunda e total convergência na visão de Cristo como o centro do cosmos e da história, e no ardente desejo apostólico de anunciá-lo ao mundo. Jesus é o centro da fé cristã. O cristão crê em Deus através de Jesus Cristo, que nos revelou a face de Deus. Ele é o cumprimento das Escrituras e seu intérprete definitivo. Jesus Cristo não é apenas o objeto de fé, mas, como diz a Carta aos Hebreus, é aquele “que em nós começa e completa a obra da fé” (Hb 12,2).

O Evangelho de hoje nos fala que Jesus Cristo, consagrado pelo Pai no Espírito Santo, é o verdadeiro e perene sujeito da evangelização. “O Espírito do Senhor está sobre mim, / porque ele me consagrou com a unção / para anunciar a Boa-Nova aos pobres” (Lc 4,18). Esta missão de Cristo, este movimento, continua no espaço e no tempo, ao longo dos séculos e continentes. É um movimento que parte do Pai e, com a força do Espírito, impele a levar a Boa-Nova aos pobres, tanto no sentido material como espiritual. A Igreja é o instrumento primordial e necessário desta obra de Cristo, uma vez que está unida a Ele como o corpo à cabeça. “Como o Pai me enviou, também eu vos envio” (Jo 20,21). Estas foram as palavras do Senhor Ressuscitado aos seus discípulos, que soprando sobre eles disse: “Recebei o Espírito Santo” (v. 22). O sujeito principal da evangelização do mundo é Deus, através de Jesus Cristo; mas o próprio Cristo quis transmitir à Igreja a missão, e o fez e continua a fazê-lo até o fim dos tempos infundindo o Espírito Santo nos discípulos, o mesmo Espírito que repousou sobre Ele, e n’Ele permaneceu durante toda a sua vida terrena, dando-lhe a força de “proclamar a libertação aos cativos / e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos e para proclamar um ano da graça do Senhor” (Lc 4,18-19).

O Concílio Vaticano II não quis colocar a fé como tema de um documento específico. E, no entanto, o Concílio esteve inteiramente animado pela consciência e pelo desejo de ter que, por assim dizer, imergir mais uma vez no mistério cristão, para poder propô-lo novamente e eficazmente para o homem contemporâneo. Neste sentido, o Servo de Deus Paulo VI, dois anos depois da conclusão do Concílio, se expressava usando estas palavras: “Se o Concílio não trata expressamente da fé, fala da fé a cada página, reconhece o seu caráter vital e sobrenatural, pressupõe-na íntegra e forte, e estrutura as suas doutrinas tendo a fé por alicerce. Bastaria recordar [algumas] afirmações do Concílio (...) para dar-se conta da importância fundamental que o Concílio, em consonância com a tradição doutrinal da Igreja, atribui à fé, a verdadeira fé, que tem a Cristo por fonte e o Magistério da Igreja como canal” (Catequese na Audiência Geral de 8 de março de 1967).

Agora, porém, temos de voltar para aquele que convocou o Concílio Vaticano II e que o inaugurou: o Bem-Aventurado João XXIII. No Discurso de Abertura, ele apresentou a finalidade principal do Concílio usando estas palavras: “O que mais importa ao Concílio Ecumênico é o seguinte: que o depósito sagrado da doutrina cristã seja guardado e ensinado de forma mais eficaz. (...) Por isso, o objetivo principal deste Concílio não é a discussão sobre este ou aquele tema doutrinal... Para isso, não havia necessidade de um Concílio... É necessário que esta doutrina certa e imutável, que deve ser fielmente respeitada, seja aprofundada e apresentada de forma a responder às exigências do nosso tempo” (AAS 54 [1962], 790791-792).

À luz destas palavras, entende-se aquilo que eu mesmo pude então experimentar: durante o Concílio havia uma tensão emocionante, em relação à tarefa comum de fazer resplandecer a verdade e a beleza da fé no hoje do nosso tempo, sem sacrificá-la frente às exigências do presente, nem mantê-la presa ao passado: na fé ecoa o eterno presente de Deus, que transcende o tempo, mas que só pode ser acolhida no nosso hoje, que não torna a repetir-se. Por isso, julgo que a coisa mais importante, especialmente numa ocasião tão significativa como a presente, seja reavivar em toda a Igreja aquela tensão positiva, aquele desejo ardente de anunciar novamente Cristo ao homem contemporâneo. Mas para que este impulso interior à nova evangelização não seja só um ideal e não peque de confusão, é necessário que ele se apóie sobre uma base concreta e precisa, e esta base são os documentos do Concílio Vaticano II, nos quais este impulso encontrou a sua expressão. É por isso que repetidamente tenho insistido na necessidade de retornar, por assim dizer, à “letra” do Concílio - ou seja, aos seus textos - para também encontrar o seu verdadeiro espírito; e tenho repetido que neles se encontra a verdadeira herança do Concílio Vaticano II. A referência aos documentos protege dos extremos tanto de nostalgias anacrônicas como de avanços excessivos, permitindo captar a novidade na continuidade. O Concílio não excogitou nada de novo em matéria de fé, nem quis substituir aquilo que existia antes. Pelo contrário, preocupou-se em fazer com que a mesma fé continue a ser vivida no presente, continue a ser uma fé viva em um mundo em mudança.

Se nos colocarmos em sintonia com a orientação autêntica que o Bem-Aventurado João XXIII queria dar ao Vaticano II, poderemos atualizá-la ao longo deste Ano da Fé, no único caminho da Igreja que quer aprofundar continuamente a “bagagem” da fé que Cristo lhe confiou. Os Padres conciliares queriam voltar a apresentar a fé de uma forma eficaz, e se quiseram abrir-se com confiança ao diálogo com o mundo moderno foi justamente porque eles estavam seguros da sua fé, da rocha firme em que se apoiavam. Contudo, nos anos seguintes, muitos acolheram acriticamente a mentalidade dominante, questionando os próprios fundamentos do depositum fidei a qual infelizmente já não consideravam como própria diante daquilo que tinham por verdade.

Se a Igreja hoje propõe um novo Ano da Fé e a nova evangelização, não é para prestar honras a uma efeméride, mas porque é necessário, ainda mais do que há 50 anos! E a resposta que se deve dar a esta necessidade é a mesma desejada pelos Papas e Padres conciliares e que está contida nos seus documentos. Até mesmo a iniciativa de criar um Concílio Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização – ao qual agradeço o empenho especial para o Ano da Fé – enquadra-se nessa perspectiva. Nos últimos decênios tem-se visto o avanço de uma "desertificação" espiritual. Qual fosse o valor de uma vida, de um mundo sem Deus, no tempo do Concílio já se podia perceber a partir de algumas páginas trágicas da história, mas agora, infelizmente, o vemos ao nosso redor todos os dias. É o vazio que se espalhou. No entanto, é precisamente a partir da experiência deste deserto, deste vazio, que podemos redescobrir a alegria de crer, a sua importância vital para nós homens e mulheres. No deserto é possível redescobrir o valor daquilo que é essencial para a vida; assim sendo, no mundo de hoje, há inúmeros sinais da sede de Deus, do sentido último da vida, ainda que muitas vezes expressos implícita ou negativamente. E no deserto existe, sobretudo, necessidade de pessoas de fé que, com suas próprias vidas, indiquem o caminho para a Terra Prometida, mantendo assim viva a esperança. A fé vivida abre o coração à Graça de Deus que liberta do pessimismo. Hoje, mais do que nunca, evangelizar significa testemunhar uma vida nova, transformada por Deus, indicando assim o caminho. A primeira Leitura falava da sabedoria do viajante (cf. Eclo 34,9-13): a viagem é uma metáfora da vida, e o viajante sábio é aquele que aprendeu a arte de viver e pode compartilhá-la com os irmãos - como acontece com os peregrinos no Caminho de Santiago, ou em outros caminhos de peregrinação que, não por acaso, estão novamente em voga nestes últimos anos. Por que tantas pessoas hoje sentem a necessidade de fazer esses caminhos? Não seria porque neles encontraram, ou pelo menos intuíram o significado do nosso estar no mundo? Eis aqui o modo como podemos representar este ano da Fé: uma peregrinação nos desertos do mundo contemporâneo, em que se deve levar apenas o que é essencial: nem cajado, nem sacola, nem pão, nem dinheiro, nem duas túnicas - como o Senhor exorta aos Apóstolos ao enviá-los em missão (cf. Lc 9,3), mas sim o Evangelho e a fé da Igreja, dos quais os documentos do Concílio Vaticano II são uma expressão luminosa, assim como é o Catecismo da Igreja Católica, publicado há 20 anos.
Venerados e queridos irmãos, no dia 11 de outubro de 1962, celebrava-se a festa de Santa Maria, Mãe de Deus. A Ela lhe confiamos o Ano da Fé, tal como fiz há uma semana, quando fui, em peregrinação, a Loreto. Que a Virgem Maria brilhe sempre qual estrela no caminho da nova evangelização. Que Ela nos ajude a pôr em prática a exortação do Apóstolo Paulo: “A palavra de Cristo, em toda a sua riqueza, habite em vós. Ensinai e admoestai-vos uns aos outros, com toda a sabedoria... Tudo o que fizerdes, em palavras ou obras, seja feito em nome do Senhor Jesus. Por meio dele dai graças a Deus Pai” (Col 3,16-17). Amém.



sábado, 6 de outubro de 2012

Bento XVI concede Indulgência plenária por ocasião do Ano da Fé


Cidade do Vaticano (RV) – Por ocasião do Ano da Fé, o Papa Bento XVI concede o dom da Indulgência Plenária.

A Penitenciaria Apostólica estabeleceu as seguintes disposições para obter a Indulgência plenária válidas de 11 de outubro de 2012 a 24 de novembro de 2013:

Poderão obtê-la todos os fiéis verdadeiramente arrependidos, que tenham expiado os próprios pecados com a penitência sacramental e elevado orações segundo as intenções do Sumo Pontífice:

- toda vez que participarem de pelo menos três momentos de pregações durante as Santas Missões, ou de pelo menos três lições sobre as Atas do Concílio Vaticano II e sobre os Artigos do Catecismo da Igreja Católica, em qualquer igreja ou local idôneo;

- toda vez que visitarem em forma de peregrinação uma Basílica Papal, um catacumba cristã, uma Igreja Catedral, um local sagrado designado pelo Ordinário do lugar para o Ano da Fé, e ali participarem de alguma função sagrada ou se detiverem para um tempo de recolhimento, concluindo com a oração do Pai-Nosso, o Credo, as invocações a Nossa Senhora e, de acordo com o caso, aos Santos Apóstolos ou Padroeiros;

- toda vez que, nos dias determinados pelo Ordinário do lugar para o Ano da Fé, em algum local sagrado participarem de uma solene celebração eucarística ou da Liturgia das Horas, acrescentando a Profissão de Fé em qualquer forma legítima;

- um dia livremente escolhido, durante o Ano da Fé, para a visita do batistério ou de outro lugar no qual receberam o sacramento do Batismo, se renovarem as promessas batismais em qualquer fórmula legítima.

Aos idosos, doentes e a todos os que por motivos legítimos não puderem sair de casa, concede-se de igual modo a Indulgência plenária nas condições de costume se, unidos com o espírito e com o pensamento aos fiéis presentes, especialmente nos momentos em que as palavras do Pontífice ou dos Bispos Diocesanos forem transmitidas pela televisão ou pelo rádio, recitarem na própria casa ou onde estiverem o Pai-Nosso, o Credo e outras orações conformes às finalidades do Ano da Fé, oferecendo seus sofrimentos ou as dificuldades da própria vida.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Convite para Santa Missa no próximo Domingo, dia 30

Pax et bonum!



Ave Maria Puríssima, sem pecado concebida!

Comunicamos aos leitores e amigos do blog que teremos a Santa Missa na Forma Extraordinária no próximo Domingo, dia 30 de Setembro, já que agora as Missas ocorrem no último Domingo de cada mês, não mais no quarto Domingo, como se seguiu nos meses passados.

O lugar e o horário continuam sendo os mesmos: na Igreja do Carmo, na Praça João Lisboa, às 10h da manhã.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Orações e Cerimônias da Santa Missa - Parte VI

 Pax et bonum!




Após a Coleta, e as outras orações, que são frequentemente adicionadas sobre o nome de Comemorações[1], segue-se a Epístola, que é, quase sempre, retirada das Epístolas de um ou outro dos Apóstolos, ainda que, ocasionalmente, seja de um outro livro das Sagradas Escrituras. O costume de ler apenas uma Epístola na Missa, não corresponde ao número das leituras feitas na Igreja Primitiva; ele é datado de, ao menos, mil anos. Nos primórdios, eram lidas, primeiro, uma Lição do Velho Testamento; após a qual, era seguida por alguma passagem selecionada dos Escritos Apostólicos. No presente, é somente a Epístola que é lida, exceto dos dias das Têmporas e em certas Férias. A prática de ler Lições do Velho Testamento durante a Missa[2], cessou quando o Missal foi promulgado na sua forma atual, o qual contém o todo daquilo que é dito na Missa, pelo Padre e pelo Coro; e, por isso, é chamado Missal Pleno. Um Missal antigo, chamado Sacramentário, não tinha nada, como já dissemos, além das Orações, Prefácios, e o Canon. Todo o resto devia ser acessado no Antifonário, na Bíblia e no Evangeliarium[3]. Perdemos muitas coisas nessa mudança; cada Missa tinha seu próprio Prefácio; ao passo que, agora, o número dessas composições litúrgicas está reduzido ao mínimo. O mesmo método foi observado no Ofício Divino, uma vez que, nesses tempos, não havia Breviários; e cada Coro devia ter um Saltério, um Hinário, a Bíblia, um Passional, que relatava os Atos dos Santos, e um Livro de Homilias, que continha os Sermões dos Santos Padres.

domingo, 16 de setembro de 2012

Orações e Cerimônias da Santa Missa - Parte V

Pax et bonum!


Venerável Arcebispo Fulton J. Sheen (1895 - 1979)

O Glória tendo terminado, o sacerdote beija o altar, e voltando-se para o povo, diz Dominus vobiscum. Ele uma vez já dirigiu a seus ministros com esta saudação; mas ele estava até então, ao pé do altar; era uma espécie de despedida, pois, quando ele estava quase entrando na nuvem, ele parecia relutante em deixar o povo fiel, até que ele diz uma palavra, pelo menos, de afeto para os que estavam orando junto com ele. Mas, agora, a Igreja tem um motivo diferente para o uso dessas duas palavras, e é para que ela possa ganhar a atenção das pessoas para a Coleta com a qual o Celebrante vai se dirigir a Deus; - em outras palavras, a oração em que ele resume os desejos dos fieis, e apresenta-os sob a forma de uma petição. A palavra Coleta vem do latim colligere, que significa “reunir coisas existentes previamente separadas”. A importância da Coleta é grande. Por isso, a Santa Madre Igreja exorta-nos a ouvi-la com todo o respeito e devoção. De acordo com o uso monástico, o Coro faz inclinação profunda enquanto o sacerdote o recita; nos capítulos da Catedral, os Cânones viram-se para o altar. 

Quando a Coleta terminar, o Coro responde Amém; isto é dizer “Sim” ao o que nós rezamos, e nós concordamos com tudo o que foi dito. Esta primeira oração da Missa também é recitada nas Vésperas, Laudes, e (no rito monástico) nas Matinas; no Breviário Romano apenas são ditas nas Matinas de Natal, antes da Missa da meia-noite. Não é dita no ofício de Prima, porque essa parte do ofício foi instituída mais tarde; não é dita nas Completas, que é considerada como Orações da Noite, e recebeu a sua forma litúrgica de São Bento. Diz-se em Terça, Sexta e Nona. Tudo isso nos mostra a importância que a Igreja atribui à Coleta, que, por assim dizer, caracteriza o dia, e isso explica por que ela é precedida pelo Dominus vobiscum, é como se o padre dissesse ao povo: “Estejam todos atentos para o que é agora vai ser dito, é da maior importância”. Além disso, o sacerdote, quando aqui ele diz o Dominus vobiscum, volta-se para as pessoas, o que ele não fez quando ele estava ao pé do altar. Mas tendo agora subido para ele, e tendo recebido a paz do Senhor por beijar o Altar, ele anuncia o mesmo para a assembleia, a quem, abrindo os braços, ele diz: Dominus vobiscum. A resposta do povo: Et cum spiritu tuo. Então o sacerdote, sentindo que as pessoas estão um com ele, diz: Oremus; Oremos.

O Pax vobis dito aqui pelos prelados, em vez de Dominus vobiscum, é um uso muito antigo. Era a saudação habitual dos judeus. As palavras do Glória: Pax hominibus bonae voluntatis levou a sua utilização a esta parte da Missa. Há todas as razões para crer que nos primórdios, todo padre utilizaram a fórmula de Pax vobis. É o mesmo com várias das cerimonias pontifícias. Assim, por exemplo, cada Sacerdote costumava, anteriormente, colocar o manípulo no momento de sua ida até o Altar, como o Prelado agora faz. Mais tarde, descobriu-se mais fácil de colocá-lo na Sacristia, o que tomou o lugar da antiga prática, que agora é reservada a Prelados somente. Como o Pax vobis é sugerido pelo Glória, quando esse hino é excluído da Missa, neste caso, somente é dito o Dominus vobiscum.
O sacerdote deve esticar os braços, enquanto diz a Coleta. Nisto, ele imita a maneira antiga de rezar, usada pelos primeiros cristãos. Como Nosso Senhor tinha os braços estendidos na Cruz, e assim orou por nós, - os primeiros cristãos tinham a prática da oração nesta mesma atitude.

Este uso antigo foi transmitido para nós, de uma forma especialmente enfática, pelas pinturas das catacumbas, que sempre representam a oração como sendo feita nessa atitude: por isso, o nome de Orantes, dadas a estas figuras.

Orante das Catacumbas de Priscila, Roma; III século d.C.

É por este meio, como também pelos escritos dos Santos Padres, que muitos detalhes sobre os usos dos tempos primitivos foram proferidos à memória, que, de outra forma, teriam sido perdidos.
No Oriente, a prática de rezar com os braços estendidos é universal, em nossos países ocidentais, tornou-se muito raro, e só é usado em ocasiões especiais. Podemos dizer que, publicamente, é apenas o sacerdote que reza nessa atitude, pois ele representa o Nosso Senhor, que ofereceu uma oração de valor infinito, enquanto pendurado na cruz, Ele ofereceu ao Pai Eterno.


quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Orações e Cerimônias da Santa Missa - Parte IV

Pax et bonum!



Em seguida vem o Kyrie, que, em uma Missa Solene, é dito no mesmo lado do altar, onde o Intróito foi lido. O sacerdote é acompanhado por seus ministros, que não vão para o meio do altar, até que ele mesmo o faça; entretanto, eles ficam atrás dele, nos degraus. Em uma Missa rezada, o Sacerdote diz o Kyrie no meio. Esta oração é um grito de súplica, em que a Igreja pede pela Misericórdia da Santíssima Trindade. Os três primeiros são invocações dirigidas ao Pai, que é o Senhor: Kyrie, eleison; (Senhor, tende piedade). Os três seguintes são dirigidas a Cristo, o Filho encarnado: Christe, eleison. Os três últimos são dirigidas ao Espírito Santo, que é o Senhor, juntamente com o Pai e o Filho, e, portanto, nós dizemos-lhe também: Kyrie, eleison. O Filho, também, é igualmente Senhor, com o Pai e o Espírito Santo, mas, a Santa Igreja, aqui dá-lhe o título de Cristo, por causa da relação que esta palavra traz à Encarnação. O Coro, também, faz as mesmas nove invocações, e as canta. Anteriormente, era a prática, em muitas igrejas, intercalar essas invocações com palavras, que eram cantadas na mesma melodia que as invocações em si, como encontramos em vários missais antigos. O Missal de São Pio V aboliu, quase inteiramente com estes Kyrie, chamados por conta destas adições populares, de “Farsati”, (em francês, farcis [1]). Quando o papa celebra uma Missa Solene, o canto do Kyrie é continuado durante o ato de homenagem que é pago a ele em seu trono, mas isso é uma exceção à observância presente em toda a Igreja. As três invocações, cada uma repetida três vezes (como agora praticado) são como uma união nossa, aqui abaixo, com os nove coros de Anjos, que cantam, no Céu, a glória do Altíssimo. Essa união nos prepara para nos juntarmos a eles no Hino a seguir, o qual esses espíritos abençoados trouxeram a esta nossa terra.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

A Grandeza do Santo Sacrifício da Missa

Adriaen Isenbrandt(entre 1480 e 1490 - 1551), Missa de São Gregório Magno


I. É Jesus Cristo a vítima oferecida na Santa Missa
O Concílio de Trento (Sess. 22) diz da Santa Missa: “Devemos reconhecer que nenhum outro ato pode ser praticado pelos fiéis que seja tão santo como a celebração deste imenso mistério”. O próprio Deus todo-poderoso não pode fazer que exista uma ação mais sublime e santa do que o santo sacrifício da Missa. Este sacrifício de nossos altares sobrepassa imensamente todos os sacrifícios do Antigo Testamento, pois não são mais bois e cordeiros que são sacrificados, mas é o próprio Filho de Deus que se oferece em sacrifício. “O judeu tinha o animal para o sacrifício, o cristão tem Cristo”, escreve o venerável Pedro de Clugny; “seu sacrifício é, pois, tanto mais precioso, quanto mais acima de todos os sacrifícios dos judeus está Jesus Cristo”. E acrescenta que, “para os servos (isto é, para os judeus, no Antigo Testamento), não convinham outros animais senão aqueles que eram destinados ao serviço do homem; para os amigos e filhos foi Jesus Cristo reservado como cordeiro que nos livra do pecado e da morte eterna” (Ep. cont. Petrobr.). Tem, portanto, razão São Lourenço Justiniano, dizendo que não há sacrifício maior, mais portentoso e mais agradável a Deus do que o santo sacrifício da Missa (cfr. Sermo de Euch.).
S. João Crisóstomo diz que durante a Santa Missa o altar está circundado de anjos que aí se reúnem para adorar a Jesus Cristo que, nesse sacrifício sublime, é oferecido ao Pai celeste (De sac., 1, 6). Que cristão poderá duvidar, escreve S. Gregório (Dial. 4, c. 58), que os céus se abram à voz do sacerdote, durante esse Santo Sacrifício, e que coros de anjos assistam a esse sublime mistério de Jesus Cristo. S. Agostinho chega até a dizer que os anjos se colocam ao lado do sacerdote para servi-lo como ajudantes.
 
II. Na Santa Missa é Jesus Cristo o oferente principal
O Concílio de Trento (Sess. 22, c. 2) ensina-nos também que neste sacrifício do Corpo e Sangue de Jesus Cristo é o próprio Salvador que oferece em primeiro lugar esse sacrifício, mas que o faz pelas mãos do sacerdote que escolheu para seu ministro e representante. Já antes dissera São Cipriano: “O sacerdote exerce realmente o ofício de Jesus Cristo” (Ep. 62). Por isso o sacerdote diz, na elevação: "Isto é o meu corpo; este é o cálice de meu sangue".
Belarmino (De Euch., 1. 6, c. 4) escreve que o santo sacrifício da missa é oferecido por Jesus Cristo, pela Igreja e pelo sacerdote; não, porém, do mesmo modo por todos: Jesus Cristo oferece como o sacerdote principal, ou como o oferente próprio, contudo, por intermédio de um homem, que é, no mesmo tempo sacerdote e ministro de Cristo; a Igreja não oferece como sacerdotisa, por meio de seu ministro, mas como povo, por intermédio do sacerdote; o sacerdote, finalmente, oferece como ministro de Jesus Cristo e como medianeiro ele todo o povo.
Jesus Cristo, contudo, é sempre o sacerdote principal na Santa Missa, onde ele se oferece continuamente e sob as espécies de pão e de vinho por intermédio dos sacerdotes, seus ministros, que representam a sua Pessoa quando celebram os santos mistérios. Por isso diz o quarto Concílio de Latrão (Cap. Firmatur, de sum. Trinit.) que Jesus Cristo é ao mesmo tempo o sacerdote e o sacrifício. De fato, convém à dignidade deste sacrifício que ele não seja oferecido, em primeiro lugar, por homens pecadores, mas por um sumo sacerdote que não esteja sujeito ao pecado, mas que seja santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores e mais elevado que os céus (Heb 7, 26).
 
III. A Santa Missa é uma representação e renovação do sacrifício da cruz
Segundo São Tomás (Off. Ss. Sac., I. 4), o Salvador nos deixou o Santíssimo Sacramento para conservar viva entre nós a lembrança dos bens que nos adquiriu e do amor que nos testemunhou com sua morte. Por isso o mesmo Doutor chama a Sagrada Eucaristia “um manancial perene da paixão”.
Ao assistires, pois, à Santa Missa, alma cristã, pondera que a hóstia que o sacerdote oferece é o próprio Salvador que por ti sacrificou o seu sangue e a sua vida. Entretanto, a Santa Missa não é somente uma representação do sacrifício da cruz, mas também uma renovação do mesmo, porque em ambos é o mesmo sacerdote e a mesma vítima, a saber, o Filho de Deus Humanado. Só no modo de oferecer há uma diferença: o sacrifício da cruz foi oferecido com derramamento de sangue; o sacrifício da missa é incruento; na cruz, Jesus morreu realmente; aqui, morre só misticamente (Conc. Trid., Sess. 22, c. 2).
Imagina, durante a Santa Missa, que estás no monte Calvário, para ofereceres a Deus o sangue e a vida de seu adorável Filho, e, ao receberes a Santa Comunhão, imagina beberes seu precioso sangue das chagas do Salvador. Pondera também que em cada Missa se renova a obra da Redenção, de maneira que, se Jesus Cristo não tivesse morrido na cruz, o mundo receberia, com a celebração de uma só Missa, os mesmos benefícios que a morte do Salvador lhe trouxe. Cada Missa celebrada encerra em si todos os grandes bens que a morte na cruz nos trouxe, diz São Tomás (In Jo 6, lect. 6). Pelo sacrifício do altar nos é aplicado o sacrifício da cruz. A paixão de Jesus Cristo nos habilitou à Redenção; a Santa Missa nos faz entrar na posse dela e comunica-nos os merecimentos de Jesus Cristo.
 
IV. A Santa Missa é o maior presente de Deus
Na Santa Missa, o próprio Jesus Cristo dá-se a nós. É uma verdade de fé que o Verbo Encarnado se obrigou a obedecer ao sacerdote, quando este pronuncia as palavras da consagração e a vir às suas mãos sob as espécies do pão e do vinho. Fica-se estupefato por Deus ter obedecido outrora a Josué e mandado ao sol que parasse, quando ele disse: Sol, não te movas de Gabaon, e tu, ó lira, do vale de Ajalon (Jos 10, 12). Entretanto, muito mais admirável é que Deus mesmo desce ao altar ou a qualquer outro lugar a que o Padre o chama com umas poucas palavras, e isso tantas vezes quantas é chamado pelo sacerdote, mesmo que este seja seu inimigo. E, tendo vindo, se põe o Senhor à inteira disposição do sacerdote; este o leva, à vontade, de um lugar para o outro, coloca-o sobre o altar, fecha-o no tabernáculo, tira-o da igreja, toma-o na Santa Comunhão, e o dá em alimento a outros. São Boaventura diz que o Senhor, em cada Missa, faz ao mundo um benefício igual àquele que lhe fez outrora pela encarnação (cfr. De inst. Novit., p. 1, c. 11). Se Jesus Cristo não tivesse vindo ao mundo, o sacerdote, pronunciando as palavras da consagração, o introduziria nele. “Ó dignidade sublime a do sacerdote”, exclama por isso Santo Agostinho (Mol. lnstr. Sach., t. 1, c. 5), “em cujas mãos o Filho de Deus se reveste de carne, como no seio da Virgem Mãe”.
Numa palavra, a Santa Missa, conforme a predição do profeta (Zac 9, 17), é a coisa mais preciosa e bela que possui a Igreja. São Boaventura (De inst. Nov., 1. c.) diz que a Santa Missa nos põe diante dos olhos todo o amor que Deus nos dedicou e que é, de certo modo, um compêndio de todos os benefícios que ele nos fez.
 
OS QUATRO FINS DO SANTO SACRIFÍCIO DA MISSA

 
I. A Santa Missa é um sacrifício latrêutico
No Antigo Testamento os homens procuravam honrar a Deus por toda a espécie de sacrifícios, no Novo Testamento, porém, presta-se maior honra a Deus com um só sacrifício da Missa do que com todos os sacrifícios do Antigo Testamento, que eram só figuras e sombras da Sagrada Eucaristia. Pela Santa Missa se presta a Deus a honra que lhe é devida, porque, por meio dela, Ele recebe a mesma honra infinita que Jesus Cristo lhe prestara sacrificando-se na cruz. Uma só Missa presta a Deus maior honra que todas as orações e penitências dos santos, todos os trabalhos dos apóstolos, todos os sofrimentos dos mártires, todo o amor dos serafins e mesmo da Mãe de Deus, porque todas as honras dos homens são de natureza finita, enquanto a honra que Deus recebe pela Missa é infinita, pois lhe é prestada por uma pessoa divina, o seu Filho.
Devemos por isso reconhecer, com o santo Concílio de Trento, que a Santa Missa é a mais santa e divina de todas as obras (Sess. 22). Nosso Senhor morreu especialmente para esse fim, para poder criar sacerdotes do Novo Testamento. Não era necessário que o Salvador morresse para remir o mundo; uma só gota do seu sangue, uma lágrima, uma só oração teria bastado para operar a salvação de todos, porque, sendo essa oração de valor infinito, seria suficiente para remir não só um mundo, mas também mil mundos. Para criar, porém, um sacerdote devia Jesus Cristo morrer, pois, do contrário, donde se tiraria esse sacrifício que agora oferecem a Deus os sacerdotes do Novo Testamento, esse santo e imaculado sacrifício que, por si só, basta para dar a Deus a honra que lhe é devida? Ainda que se sacrificasse a vida de todos os anjos e santos, mesmo assim, esse sacrifício não prestaria a Deus essa honra infinita, que lhe dá uma única Santa Missa.
 
II. A Santa Missa é um sacrifício propiciatório
Pode-se deduzir já da instituição da Sagrada Eucaristia que a Santa Missa é verdadeiramente um sacrifício propiciatório, ou seja, que inclina Deus a nos perdoar a pena e a culpa dos pecados, que foi feita especialmente para a remissão dos pecados: Este é o meu, sangue, que será derramado por muitos, para remissão dos pecados, disse Jesus Cristo (Mt 26, 28). A Santa Missa perdoa até os maiores pecados, não imediatamente, mas só mediatamente, como afirmam os teólogos, isto é, Deus, em consideração ao sacrifício do altar, concede a graça que leva o homem a detestar seus pecados e a purificar-se deles no sacramento da Penitência. Quanto às penas temporais, que devem ser expiadas depois da destruição da culpa, são elas perdoadas por virtude da Santa Missa, ao menos parcialmente, quando não de todo. Numa palavra, a Santa Missa abre os tesouros da divina misericórdia em favor dos pecadores.
Desgraçados de nós se não houvesse esse grande sacrifício, que impede à justiça divina de nos enviar os castigos que merecemos por nossos pecados. É certo que todos os sacrifícios do Antigo Testamento não podiam aplacar a ira de Deus contra os pecadores. Se se sacrificasse a vida de todos os homens e anjos, a justiça divina não seria satisfeita devidamente nem sequer por uma única falta que a criatura tivesse cometido contra seu Criador. Só Jesus Cristo podia satisfazer por nossos pecados: Ele é a propiciação pelos nossos pecados (1 Jo 2, 2). Por isso o Padre Eterno enviou o seu Filho ao mundo, para que se fizesse homem mortal e, pelo sacrifício de sua vida, o reconciliasse com os pecadores. Esse sacrifício é renovado em cada Missa. Não há dúvida: o sangue inocente do Redentor clama muito mais fortemente por misericórdia em nosso favor, que o sangue de Abel por vingança contra Caim.
Este sacrifício pode ser oferecido também pelos defuntos. Por isso o sacerdote, na Santa Missa, pede ao Senhor que se recorde de seus servos que partiram para a outra vida e que lhes conceda, pelos merecimentos de Jesus Cristo, o lugar de repouso, da luz e da paz. Se o amor de Deus que possuem as almas ao saírem desta vida não basta para purificá-las, essa falta será reparada pelo fogo do Purgatório; muito melhor, porém, a repara o amor de Jesus Cristo por meio do sacrifício eucarístico, que traz às almas grande alívio e, muitas vezes, até a libertação completa dos seus sofrimentos. O Concílio de Trento declara que as almas que sofrem no Purgatório podem ser muito auxiliadas pela intercessão dos fiéis, mas em especial pelo santo sacrifício da Missa. E acrescenta (Sess. 22, c. 2) que isso é uma tradição apostólica. Santo Agostinho exorta-nos a oferecer o sacrifício cia Santa Missa por todos os defuntos, caso que não possa aproveitar às almas pelas quais pedimos.
 
III. A Santa Missa é um sacrifício eucarístico
É justo e razoável que agradeçamos a Deus pelos benefícios que nos fez em sua infinita bondade. Mas que digno agradecimento podemos dar-lhe nós, miseráveis? Se Deus nos tivesse dado uma única vez um sinal de sua afeição, estaríamos obrigados a um agradecimento infinito, porque esse sinal de amor seria o favor e dom de um Deus infinito. Mas eis que o Senhor nos deu esse meio de cumprir com nossa obrigação e de agradecer-lhe dignamente. E como? Tornando-nos possível oferecer-lhe na Santa Missa a Jesus Cristo. Dessa maneira dá-se a Deus o mais perfeito agradecimento e satisfação; pois, quando o sacerdote celebra a Santa Missa, dá-lhe um digno agradecimento por todas as graças, mesmo por aquelas que foram concedidas aos santos no céu; uma tal ação de graças, porém, não podem prestar a Deus todos os santos juntos, de maneira que também nesse respeito a dignidade sacerdotal sobrepuja todas as dignidades, não excetuadas as do céu.
Na Santa Missa, a vítima que é oferecida ao Eterno Pai é seu próprio Filho, em quem pôs toda a sua complacência. Por isso dirigia Davi suas vistas a este sacrifício, quando pensava num meio de agradecer a Nosso Senhor pelas graças recebidas: Que darei ao Senhor por tudo que ele me tem feito? pergunta ele, e responde: Tomarei o cálice da salvação e invocarei o nome do Senhor (S1 115, 12). O próprio Jesus Cristo agradeceu a seu Pai celeste todos os benefícios que tinha feito aos homens, por meio deste sacrifício: E, tomando o cálice, deu graças e disse: Tomai-o e distribuí-o entre vós (Lc 22, 17).
 
IV. A Santa Missa é um sacrifício impetratório
Se já temos a segura promessa de alcançar tudo que pedimos a Deus em nome de Jesus Cristo (cfr. Jo 16, 23), muito maior deve ser a nossa confiança se oferecemos a Deus seu próprio Filho. Este Salvador que nos ama roga por nós sem cessar lá no céu (cfr. Rom 8, 31), mas, de modo todo especial, durante a Santa Missa, em que se sacrifica a seu Eterno Pai, pelas mãos do sacerdote, para nos alcançar suas graças. Se soubéssemos que todos os santos e a Santíssima Virgem estão rezando por nós, com que confiança não esperaríamos de Deus os maiores favores e graças. Está, porém, fora de dúvida que um só rogo de Jesus Cristo pode infinitamente mais que todas as suplicas dos santos.
No Antigo Testamento era permitido unicamente ao sumo sacerdote, e isso uma só vez no ano, entrar no santo dos santos; hoje, porém, todos os sacerdotes podem sacrificar todos os dias ao Eterno Pai o cordeiro divino, para alcançar de Deus graças para si e para todo o povo.
O sacerdote sobe ao altar para ser o intercessor de todos os pecadores. “Ele exerce o ofício de um medianeiro”, diz São Lourenço Justiniano (Sermo de Euchar.), “e por isso deve ser um intercessor para todos que pecam”. "Dessa maneira“, diz São João Crisóstomo, “está o Padre no altar, no meio, entre Deus e o homem; oferece a Deus as súplicas dos homens e alcança-lhes as graças de que precisam” (Hom. 5 in Jo.). Deus distribui as suas graças sempre que é rogado em nome de Jesus Cristo, mas as distribui com mais largueza durante a Santa Missa, atendendo às suplicas do sacerdote, diz São João Crisóstomo; pois essas súplicas são então acompanhadas e secundadas pela oração de Jesus Cristo, que é o sacerdote principal, visto que é ele mesmo que se oferece neste sacrifício para nos alcançar graças de seu Eterno Pai.
Segundo o Concílio de Trento (Sess. 22, c. 2), é especialmente durante a Santa Missa que o Senhor está sentado naquele trono de graças ao qual devemos nos chegar, diz o Apóstolo, para alcançarmos misericórdia e encontrarmos graças no momento oportuno (Heb 4, 16). Até os anjos esperam o tempo da Santa Missa, diz São João Crisóstomo (Hom 13. De incomp. Dei nat.), para pedirem com mais resultado por nós, acrescentando que dificilmente se alcançará aquilo que não se consegue durante a Santa Missa.
A Santíssima Virgem, depondo uma vez o Menino Jesus nos braços de Santa Francisca Farnese, disse-lhe: “Eis aqui o meu Filho; aprende a torná-lo favorável a ti, oferecendo-o muitas vezes a Deus. Dize, por isso, a Deus, quando vires presente no altar o divino Cordeiro: Ó Pai Eterno, ofereço-vos hoje todas as virtudes, todos os atos e todos os afetos de vosso mui amado Filho. Recebei-os por mim, e por seus merecimentos, que ele mos deu e, por isso, são meus, dai-me as graças que Jesus Cristo pedir por ruim. Ofereço-vos esses merecimentos para vos agradecer por todas as misericórdias que tendes usado comigo e para satisfazer por meus pecados. Pelos merecimentos de Jesus Cristo espero alcançar de vós todas as graças, o perdão, a perseverança, o céu, mas especialmente o mais precioso de todos os dons, o vosso puro e santo amor”.
 
Autor: Edward Saint-Omer
Fonte: LIGÓRIO, Santo Afonso Maria. Escola da Perfeição Cristã. Org: Pe. Saint-Omer
Extraído de: www.quadrante.com.br
Saiba mais: Catecismo da Igreja Católica, 1322-1419

domingo, 9 de setembro de 2012

Orações e Cerimônias da Santa Missa - Parte III

Pax et bonum!


Hoje daremos continuidade à série de posts sobre as partes da Missa. Hoje falaremos sobre a Incensação do altar e o Introito.


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O altar representa o Nosso Senhor Jesus Cristo. As Relíquias dos santos que estão lá, lembram-nos que os santos são os Seus membros. Pois, tendo assumido a nossa natureza humana, Ele não só sofreu sua Paixão, triunfou na Sua Ressurreição, e entrou em Sua glória pela Ascensão, - mas Ele, também, fundou a Igreja sobre a terra, e esta Igreja é o Seu Corpo místico, Ele é o seu chefe, e os santos são seus membros. A partir deste ponto de vista, então, nosso Senhor não tem a plenitude do Seu Corpo místico sem Seus santos, e é por esta razão, que os santos, que estão reinando com Ele na glória, estão unidos com Ele, no Altar, que o representa.
O sacerdote, depois de ter terminado a oração, que ele disse curvando-se, e as mãos unidas no Altar, se prepara para a sua incensação. Duas vezes isso ocorrerá durante o Santo Sacrifício, e ambas as vezes com muita solenidade, por respeito a nosso Senhor, que é representado pelo altar, como já disse. No entanto, o sacerdote não recita qualquer oração durante a primeira incensação, ele apenas incensa cada porção do Altar, de tal modo que a totalidade dele seja, assim, honrada. Aprendemos com o Livro de Levítico, que o incenso foi usado desde muito cedo no culto divino. A bênção, que o padre lhe dá na Missa, ascende a produção da natureza à ordem sobrenatural. A Santa Igreja tomou emprestado esta cerimônia do próprio céu, onde São João testemunhou. Em seu Apocalipse, ele viu um anjo, de pé, com um incensário de ouro, perto do altar, no qual estava o Cordeiro, com vinte e quatro anciãos em torno dele. (Apoc. VIII. 3). Ele descreve este anjo para nós, como oferecendo a Deus as orações dos santos, que são simbolizados pelo incenso. Assim, nossa Santa Mãe a Igreja, Esposa fiel de Cristo, deseja fazer como o Céu faz, e aproveitando o véu de seus segredos misteriosos sendo mesmo assim parcialmente ascendido pelo Discípulo Amado, Ela pede, por imitação nossa na terra, o tributo de honra, assim, pago, lá acima, para a glória de seu Esposo. Nesta parte da Missa, só o altar, e o sacerdote, são incensados; a incensação do Coro é reservada para a segunda parte da cerimônia, que está no ofertório. É um dos costumes da Igreja de expor, sobre o altar, imagens e relíquias dos Santos, que depois são incensados, ao mesmo tempo.



A cerimônia da incensação concluída, o Sacerdote diz o Introito. Anteriormente, isso não era feito. O Ordo de São Gregório [1] nos diz, que o Sacerdote se vestia no secretarium [2], e depois ia para o altar, precedido pela cruz e lanternas; durante o qual, o coro cantava o Intróito, que era maior do que temos agora, já que o Salmo inteiro era cantado, e não apenas um ou dois dos seus versos, com o Gloria Patri, como no presente. Da mesma forma, foi o coro que tomou sozinho as parcelas restantes, que deveriam ser cantados durante a Missa. O costume do padre recitar essas várias porções, originados da Missa rezada, que era costume, foi por último introduzido em Missas solenes.
Esses comentários nos explicam como é que os missais antigos diferem consideravelmente daqueles que agora estão em uso. Eles simplesmente contem as orações: Coleta, Secreta, Pós-Comunhão, Prefácios, e o Canon. Eles foram chamados Sacramentários. Tudo o que era cantado pelo coro foi inserido no Antiphonarium, que agora tem o nome de Graduale. (A maioria das porções cantadas da Missa são, na verdade, nada mais do que antífonas, só que eles têm mais notas do que o que Antífonas comuns têm) Em tempos mais modernos, desde que as Missas rezadas foram introduzidas, nossos Missais contém tudo o que é utilizado, anteriormente, para ser cantado pelo Coro, como também as Epístolas e Evangelhos.
Tanto o Celebrante quanto o Coro fazem o sinal da cruz no início do Introito, porque é considerado como a abertura das leituras. Nas missas pelos mortos, o sacerdote faz a Cruz sobre o Missal apenas.


 [1] Sacramentário gregoriano. Este é o nome atribuído pelo papa Adriano I (772-795) a uma coleção de Missas estacionais, da qual uma parte é, sem dúvida, anterior ao pontificado de São Gregório Magno, mas que compreende também numerosos elementos posteriores a ele. O compilador adotou, certamente, como base de seu trabalho, um sacramentário cujo nome era o do santo Pontífice, mas como ignoramos o critério de suas modificações, talvez fosse mais exato dar à coleção o nome do papa Adriano I. Este sacramentário contém apenas as Missas estacionais às quais o papa tomava parte do ordinário, e omite todas as outras festas e solenidades nas quais não se celebrava o tempo litúrgico.

[2] O mesmo que sacristia.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Orações e Cerimônias da Santa Missa - Parte II

Após muito tempo suspenso, trago de volta ao blog o projeto de explicação das orações e cerimônias da Santa Missa, que foi iniciado aqui. Hoje recomeçaremos pelo Confiteor e pelas seguintes orações preparatórias integrantes da ante-Missa.



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A Santa Igreja, aqui, faz uso da fórmula de confissão, que ela elaborou, que provavelmente data do século 8. Não estamos autorizados a fazer a menor mudança nas palavras. Ele tem essa prerrogativa, em comum com todos os outros sacramentais, - que a sua recitação produz o perdão dos pecados veniais, desde que tenhamos contrição deles. Assim é, que Deus, em sua infinita bondade, nos deu com outros meios, além do Sacramento da Penitência, nos quais podemos ser limpos de nossos pecados veniais: Ele, para este fim, inspirou Sua Igreja para nos dar o Seus sacramentais.

O Sacerdote, como dizíamos, começa a confissão, e, antes de tudo, ele acusa a si mesmo a Deus. Mas, ele não está satisfeito com isso, - ele bem diz: "Eu não só desejo confessar os meus pecados a Deus, mas a todos os Santos, em fim de que possam se juntar as suas orações com a minha, e obter o perdão para mim. Por isso, ele logo acrescenta: Confesso a Bem-aventurada Maria sempre Virgem. Não que ele jamais cometeu qualquer infração contra esta santa Mãe, mas pecou em sua presença, e pensar nisso o aconselha a fazer os seus pecados conhecidos por ela também. Ele faz o mesmo para o glorioso São Miguel, o grande Arcanjo, que é nomeado para cuidar de nossas almas, especialmente na hora da morte. Da mesma forma, ele confessa a São João Batista, que era tão caro a Nosso Senhor, e era o Seu precursor. Por fim, ele deseja se culpar pelos seus pecados aos Santos Pedro e Paulo, os dois Príncipes dos Apóstolos. Certas ordens religiosas têm permissão para adicionar o nome de seu Patriarca ou fundador. Assim, os beneditinos inserem o nome de São Bento, os dominicanos, S. Domingos; Franciscanos, São Francisco. Depois de mencionar estes e todos os Santos, ele deve fazer saber mesmo os fiéis, que estão presentes, saberem que ele é um pecador, e ele, portanto, diz-lhes: E para vos, irmãos! porque, como ele está agora humilhando por conta de seus pecados, ele não só acusa se perante aqueles que são glorificados em Deus, mas além disso, ante esses seus companheiros mortais que estão lá visivelmente presentes, perto do santuário. E não satisfeito em declarar-se um pecador, ele acrescenta de que maneira ele pecou, e confessa, que é por todas as três formas, em que os homens cometem pecado, ou seja, pelo pensamento, palavra e ação: cogitatione, verbo, et opere. Então, desejando expressar, que ele assim pecou e através de seu próprio livre arbítrio, profere estas palavras: Mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa: por minha culpa, por minha culpa, por minha mais grave culpa. E, para que ele possa, como o publicano do Evangelho, exteriormente testemunhar seu arrependimento interior, ele bate três vezes no peito, enquanto dizia essas palavras. Consciente da necessidade que ele tem de perdão, ele mais uma vez volta-se para Maria e todos os Santos, como da mesma forma para os fiéis que estão presentes, pedindo que todos eles orem por ele. Em referência a essa fórmula da Confissão, que foi criado pela nossa Santa Mãe a Igreja, pode ser bem lembrar aos nossos leitores, que ela seria, por si mesma, suficiente para quem estiver em perigo de morte, e incapaz de fazer uma Confissão mais explícita.

Os Ministros respondem o Sacerdote, desejando-lhe a graça da misericórdia de Deus, pois eles expressam seu desejo sob a forma de oração, durante a qual, o sacerdote, permanece inclinado, e respondem: Amen.
Mas, os próprios ministros têm necessidade do perdão de Deus, e, portanto, eles repetem a mesma fórmula que o sacerdote, para a confissão dos seus pecados, apenas, em vez de dizer: et vobis, fratres, e para vos, irmãos, eles se dirigem ao sacerdote, e chamam-no de Pai: Et tibi, Pater. Nunca é permitido a mudar qualquer coisa que santa Igreja tem previsto para a celebração da Missa. Assim, no Confiteor, os ministros devem usar sempre as palavras simples: Et tibi, Pater, et te, Pater; eles não devem adicionar nenhum título, mesmo se eles estiverem servindo na missa do Papa. Assim que os Ministros terminarem a fórmula da Confissão, o sacerdote diz a mesma oração para eles, assim com eles previamente fizeram por ele, e que, também, respondem a ela por um Amen. Uma espécie de bênção depois segue: Indulgentiam, etc, em que o Sacerdote pede, tanto para si e para seus irmãos, perdão pelos seus pecados; ele faz o sinal da cruz, e usa a palavra nobis e não vobis pois ele se coloca em pé de igualdade com os seus Ministros, e leva a sua parte na oração que é dita para todos.

Após a Confissão ter sido feita, o sacerdote inclina novamente, mas não tão profundamente como ele fez durante o Confiteor. Ele diz: Deus, tu conversus vivificabis nos: Tu, ó Deus, com um olhar, nos dará a vida, ao que os Ministros respondem: Et plebs tua laetabitur in te: E teu povo se alegrará em ti. Então, - Ostende nobis, Domine, misericordiam tuam: mostrai-nos a tua misericórdia, Senhor; Et salutare tuum da nobis: E dai-nos o Salvador, a quem Tu preparou para nós.
 
A prática de recitar estes versículos é muito antiga. A última dá-nos as palavras de Davi, que, em seu Salmo 84, está rezando para a vinda do Messias. Na missa, antes da Consagração, aguardamos a vinda de nosso Senhor, como aqueles que viveram antes da Encarnação e aguardavam o Messias prometido. Por essa palavra “Misericórdia”, que é aqui usada pelo Profeta, não devemos entender a Bondade de Deus, mas, vamos pedir a Deus, para que Ele conceda a enviar-nos Ele, que em sua misericórdia e sua salvação, que é a dizer, o Salvador, por quem a Salvação está para vir sobre nós. Estas poucas palavras do Salmo nos levam de volta em espírito, para o período do Advento, quando estamos incessantemente pedindo por Ele que há de vir. Depois disso, o sacerdote pede a Deus, que Ele se digne a receber sua oração: Domine, Exaudi orationem meam: Senhor, ouve a minha oração. Os ministros continuam, como se no seu nome: Et clamor meus ad te veniat: E o meu clamor chegue a ti. O sacerdote saúda o povo, dizendo: Dominus Vobiscum: O Senhor esteja com vocês. É como se ele estivesse se despedindo deles, agora que chegou o momento solene de ele subir ao altar, e, como Moisés, entrar na nuvem. Os Ministros responder-lhe em nome do povo: Et cum spiritu tuo: E com teu espírito.

Enquanto vai até o altar, o sacerdote diz Oremus: ele estende suas mãos, e as junta novamente. Quantas vezes ele usa esta palavra, ele observa a mesma cerimônia. A razão é, que imediatamente precede alguma oração que ele vai fazer, e, quando rezamos, elevamos nossas mãos para Deus, que está no Céu, e para quem estamos prestes a falar. Foi assim que nosso Senhor Bendito orou na cruz. Na oração, que o Sacerdote diz, enquanto sobe os degraus do altar, ele usa o plural, porque ele não está sozinho, pois o diácono e subdiácono sobem junto com ele, para servi-lo. O pensamento que está mais alto na mente do Padre, neste momento solene é, estar todo puro, pois, como ele diz, ele está entrando no Santo dos Santos: Ad Sancta Sanctorum, ou seja, para expressar, por este superlativo hebraico, a importância do ato que ele vai cumprir. Ele ora, portanto, que os seus pecados, assim como as de seus ministros, sejam perdoados. Quanto mais nos aproximamos de Deus, mais sentimos que o menor pecado é uma mancha intolerável em nossa alma, de modo que o Sacerdote redobra sua oração, para que Deus o purifique de seus pecados. Ele já orou ao Senhor Misericordioso para virar-se e dar-lhe vida; Deus tu conversus vivificabis. - Ostende nobis Domine misericordiam tuam. Mas, tendo ficado mais próximo de que Deus, aumenta o medo, e seu desejo de perdão é mais ardente, ele repete essa mesma oração novamente agora, enquanto sobe os degraus do altar. Tendo chegado ao altar, ele coloca suas mãos sobre ele, primeiro juntas, em seguida, separadas, para que ele possa beijá-la. Este beijo do Altar é motivado por um sentimento de respeito pelas Relíquias dos Santos, que estão lá. Mais uma vez, outra oração para o perdão dos seus pecados: nele, ele diz: peccata mea: meus pecados, embora ele comece por: Oramus te, Domine: Nós te pedimos, Senhor, nem há qualquer descuido nisto, pois, todos aqueles que assistem ao Santo Sacrifício deve ter, pelo padre, um sentimento de respeito filial, e orar com e para ele.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Convite para Santa Missa no próximo Domingo, dia 9 e Aviso importante

Pax et bonum!





Comunicamos, com muita alegria, aos leitores deste blog que no próximo Domingo, dia 9 de Setembro, teremos uma Santa Missa na Forma Extraordinária do Rito Romano na Igreja do Carmo, no Centro, por ocasião da visita de Sua Alteza Imperial e Real, Dom Bertrand de Orléans e Bragança, à nossa cidade, como representante da Casa Imperial do Brasil na comemoração dos 400 anos de São Luis.
Dom Bertrand é católico devoto, de comunhão diária, e tem por tradição assistir à Forma Extraordinária sempre que tem oportunidade, e por este motivo resolvemos promover esta celebração.

***

 Avisamos também que já a partir deste mês de Setembro, as Missas não serão mais no 4° Domingo de cada mês, mas no último Domingo de cada mês, no mesmo horário das 10h e no mesmo lugar, na Igreja do Carmo.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Novo link para doações

Salve Maria!


A partir de hoje, colocamos no blog um botão de doações do PayPal, para que os amigos e leitores que tenham interesse em nos ajudar materialmente de alguma forma.





 Esse dinheiro basicamente será revertido para a compra de objetos relacionados à Liturgia e ao canto gregoriano: a curto prazo será basicamente para adquirir livros para o coral(mais precisamente dois exemplares do Liber Cantualis, da Editora Lumen e um exemplar do Primeiro Ano de Canto Gregoriano e Semiologia Gregoriana, de Dom Eugène Cardine, OSB).
A médio e longo prazo, temos a intenção de adquirir mais alguns paramentos que se farão necessários no futuro, como a capa pluvial(ou capa de Asperges), além de outros objetos que eventualmente também possam ser comprados, como castiçais de ferro, microfone de lapela, etc. Também há a intenção, a longo prazo, de comprarmos um órgão eletrônico Bohn Positiv I.

Em tempo: Como funciona a doação? O PayPal confirmará seus dados com a sua operadora de cartão de crédito e então incluirá a quantia doada no próximo boleto. No próximo boleto do seu cartão de crédito a sua doação será identificada pelo código *PAYPAL. O PayPal não trabalha com boleto bancário.
Caso você tenha interesse em doar por depósito bancário, primeiramente mande um e-mail para higofelipe@gmail.com, informando os dados do depósito. Os dados da conta estão abaixo:

BANCO DO BRASIL

AG. 4445-8

C/C: 17630-3 

HIGO FELIPE SILVA PIRES